quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Fanfic... Sombras do Amanhã - Capítulo 02


Capítulo 02:

            Kira acordou ofegante do sonho, e sem se importar com as horas, correu até o quarto de Cafa, o acordando com alguma dificuldade.

            -- Preciso falar com você. Tive um sonho.

            -- Não pode esperar até mais tarde? É domingo e eu estou exausto...

            -- Não. Tive um sonho sobre você e a Fabi, é importante. – disse Kira.

            -- Fabi? Vai acontecer alguma coisa com ela? Ela está bem...? – perguntou Cafa, se levantando num pulo com o susto.

            -- Não, acho que ela está bem. No meu sonho, era você que... O que quero dizer é que se você não agir logo e aceitar os sentimentos que realmente tem por ela, consertar as coisas, você vai perder a Fabi, de vez.

            -- Kira, não estou entendendo.

            -- No meu sonho, primeiro eu vejo você e ela juntos, mais velhos, formavam uma família.... Tem até uma filhinha. Mas tudo desapareceu de repente, desmoronou, e então, você estava observando à distância ela com o marido, outro homem, e eles esperavam um bebê. Foi isso. Você estava arrasado.... Não pode deixar isso acontecer, pude ver o quanto estava sofrendo com aquilo, por tê-la perdido.

            -- Calma, Kira. Você está exagerando, foi apenas um sonho...

            -- Não! Pare de ser tão teimoso! – gritou ela. – Todos nós já percebemos o quanto você está abalado pelo término de vocês. Sei que sente falta dela e a quer de volta. Pare com esse egoísmo e esse orgulho tolo, acha que ela não sofre também?

            -- Foi ela quem quis terminar tudo! Foi escolha dela. – respondeu Cafa, furioso.

            -- E por que ela fez isso, hein Cafa? Em nenhum momento você se comprometeu com a relação de vocês. No minuto em que ela virou as costas você se engraçou com quem? Com aquela Jalma, que não vale o chão em que pisa. O que esperava que ela fizesse, continuasse fechando os olhos, enquanto o homem que ela amava a traía e magoava.

            -- Eu não traí a Fabi. Desde o começo eu fui honesto e em momento algum me comprometi com ela. Estávamos só saindo juntos, nada mais. Se ela pensou...

            -- Sei que você foi honesto, Cafa. Não esperava outra atitude sua, mas.... Não se pode controlar os próprios sentimentos, ela te ama e desejava mais do que só uma parte de você. O problema é que eu acho que você também se apaixonou, só não quer admitir.

            -- Eu posso ter afeto por Fabi, mas amor? Não Kira.

            -- Se continuar assim, você realmente vai perdê-la, Cafa. Não quero que, no futuro, lamente sua atitude por isso.

            -- Não se preocupe, irmãzinha. Eu estou bem, e tenho certeza de que Fabi também vai superar tudo isso.

            -- Espero que esteja certo...

            Kira deixou o irmão sozinho, refletindo sobre suas palavras, tentando entender como estava se sentindo com toda a confusão em sua vida amorosa. Não podia negar que ainda sentia falta de Fabi, e muito. Pensava nela o tempo todo, mesmo lutando pelo contrário, mesmo tentando evitar, seu corpo se sentia incompleto e um vazio doloroso inundava seu coração cada vez mais, a cada dia que passava longe dela.

            “Talvez Kira esteja certa... Eu já deveria ter superado, deveria estar voltando para minha antiga rotina, mas não consigo...” – pensou Cafa, voltando a se deitar, incapaz de dormir.

            Tentou ligar para Fabi, mais uma dentre a milhares de vezes que tentara naqueles dias, porém, como em todas as anteriores desde a separação, ela não atendeu.

            -- O que vou fazer? – ele se perguntou, colocando o celular de lado.



            Fabi estava nervosa quando chegou à clínica, vinha se sentindo mal há algum tempo e os sintomas só estavam piorando. Tinha medo do resultado dos exames, entretanto, não tinha outra escolha senão enfrentar a situação.

            Com a mãe ao seu lado, ela entrou no consultório, onde o doutor Caio as aguardava.

            -- As notícias não são boas, Fabi. Lamento, mas segundo seus exames, você está com câncer de mama.

            -- O quê? Mas ela é tão nova.... Tem que ser um engano! Os exames devem estar errados... – a mãe de Fabi disse, alterada. Não podia aceitar aquele diagnóstico. Enquanto Fabi permaneceu calada, em choque, absorvendo aquela nova realidade.

            Ela estava muito doente, de coração partido e talvez até mesmo morrendo. O que seria dela?

            -- Entendo que é difícil aceitar, porém, quanto antes fizer isso, mais rápido poderemos iniciar o combate à doença. A doença, felizmente, está no estágio inicial e tenho plena confiança na sua recuperação. Cuidaremos bem da sua filha aqui, eu garanto. Se concordarem, quero que ela inicie o tratamento o quanto antes, posso providenciar sua internação hoje mesmo, já deixei tudo preparado.

            -- Sim, claro doutor. Não se preocupe filha, eu trarei tudo o que precisar e avisarei seu pai. Vai ficar tudo bem, minha querida. – disse a mãe de Fabi, tentando com todas as forças acalmar o próprio coração, para dar o apoio que Fabi precisava.



            Já era quarta-feira, e Cafa ainda se atormentava com a dúvida. Deveria procurar Fabi? Ou deveria seguir em frente e esquecê-la? E ele conseguiria esquecê-la? De acordo com o sonho de Kira, a resposta era não.

            O fato era que seu orgulho o estava retendo, o impedindo de resolver a situação com Fabi. Nunca havia sentido medo de encarar uma mulher antes, e então, se viu amedrontado pela possibilidade de Fabi rejeitá-lo, se recusar a vê-lo. Não estava acostumado a não conseguir quem queria, de ser rejeitado, ainda mais pela mulher que talvez amasse. Será que a amava mesmo? Estaria Kira certa?

            Por um longo tempo, pensou ser imune a sentimentos como aquele. Jamais imaginou se apaixonar, até encontrar Fabi. De alguma forma, toda a doçura dela, seu sorriso, sua voz meiga, seu coração carinhoso e afetuoso, sua inteligência e sua força o conquistaram completamente. Cafa se surpreendeu naquele instante ao perceber que, não conseguia se imaginar no futuro sem Fabi com ele.

            Assim que saiu do trabalho, Cafa seguiu para a casa de Fabi, na esperança de poder vê-la, de poder conversar com ela. Porém, ao chegar à casa, todas as luzes estavam apagadas, mesmo ainda estando cedo para estarem todos dormindo. “Será que não tem ninguém em casa? ” – Se perguntou Cafa, ao caminhar até a porta e bater com força.

            Ninguém o atendeu.

            Pegou o celular e tentou ligar para ela, sem sucesso. Determinado, decidiu lhe mandar uma mensagem, ao menos.

            “Fabi, sei que deve me odiar nesse momento, não posso culpa-la por isso. Eu errei demais, não valorizei o amor que você me dava, a magoei e quebrei sua confiança, eu sei. Tudo o que posso dizer agora é que sinto muito. Por favor Fabi, me perdoe. ”

            Cafa voltou para casa, com o coração ainda mais pesado, frustrado por não poder ver fabi. Havia dias demais sem que a visse, sem sentir sua presença próximo dele.

            A cada dia que passava, ficava ainda mais difícil lutar contra o vazio em seu peito, contra a dor que a saudade e a culpa que o atormentava. Ele precisava dela, precisava dela de volta à sua vida, não era capaz de imaginar o sonho de Kira se tornando realidade, Fabi formando uma família com outro homem, longe dele definitivamente. Pensar nisso fazia seu peito doer ainda mais. Kira estava certa, ele amava Fabi e precisava lutar por ela. Por sua felicidade.

            Deitado na cama, Cafa enviou uma nova mensagem para ela.

            “Por favor Fabi, fale comigo!

            Eu vacilei, mas estou arrependido. Me perdoe! Me dê mais uma chance, querida. Só uma.

            Eu te amo! De verdade. Só preciso de uma chance para te mostrar, para compensar. ”

            Nos dias seguintes, toda noite após voltar do trabalho, Cafa dirigia até a casa de Fabi e lhe mandava uma mensagem por celular. Sem conseguir vê-la, sem ter nenhuma resposta. Não estava aguentando mais aquela saudade, aquele vazio.

            Foi após completar um mês desde a separação, numa noite quente, abafada, como a cidade estava acostumada a oferecer, que Cafa teve um sonho que jamais esqueceria, e o tornaria ainda mais determinado a reconquistar Fabi.

            Havia adormecido há poucos minutos, ou seriam horas? Quando se viu num corredor de hospital, amplamente iluminado por luz artificial, enfermeiras corriam de um lado ao outro, e médicos entravam e saiam pelas portas ao seu redor. E então, Cafa ouviu uma voz familiar, se sentiu ser puxado até uma sala de cirurgia, e levou um susto ao ver Fabi deitada, prestes a parir, segurando a mão de outro homem.

            -- Continue fazendo força, querida! Aguente só mais um pouco, está quase lá. – disse a médica, entre as pernas de Fabi.

            Cafa correu para perto dela, sem se importar com o homem ao lado dela. Ele a observou usar as suas energias para trazer aquele bebê ao mundo, e quando enfim se ouviu o choro estridente do recém-nascido, o pesadelo começou.

            Alguma coisa havia dado errado, Fabi não parava de sangrar e ficava cada vez mais pálida e fraca. Antes que Cafa pudesse tentar fazer algo para ajudá-la, qualquer coisa, ela simplesmente surgiu ao seu lado. A roupa de hospital que usava encharcada de sangue na parte inferior.

            -- Como? Você está bem?

            -- Eu morri, Cafa. Sabe disso muito bem, você viu.

            -- Não! Você ainda é jovem, é forte, acabou de ter seu bebê...

            -- Sim. Estou triste porque não poderei ver meu filho crescer, mas não há nada que eu possa fazer sobre isso. Além do mais, sei que Caio cuidará bem dele.

            -- Caio? Quem é Caio? Fabi... Desculpe Fabi. – Começou ele, as lágrimas deslizando por seu rosto. – Eu nem pude.... Não tive a chance de...

            -- O quê, Cafa? Você teve sua chance, no passado, mas me desapontou. Não lutou por mim, preferiu sua vida descompromissada à mim, à nós. Você escolheu. Desistiu da nossa relação antes que ela se tornasse algo sério, algo verdadeiro. – disse Fabi, guiando Cafa até uma casa próxima ao hospital. Uma casa fria e impessoal, solitária. – Esse é o nosso futuro, já viu o que vai acontecer comigo, está na hora de ver o que vai acontecer com você.

            Fabi desapareceu, deixando Cafa sozinho num quarto escuro, com sua versão mais velha à sua frente, sentado numa grande cama, lendo algo. De repente, o telefone ao lado da cama tocou, e o Cafa mais velho rapidamente atendeu.

            -- Alô! Mário? O que foi?

            -- É a Fabi, Cafa. Ela entrou em trabalho de parto esta noite.... Você tinha me pedido para avisá-lo...

            -- Estou indo agora mesmo. – disse ele, se levantando abruptamente. – Como ela está? O bebê já nasceu?

            -- Sinto muito, Cafa! Ela faleceu devido às complicações durante o parto, há poucos minutos. Felizmente o bebê está bem... Lamento de verdade.

            Cafa mais velho não foi capaz de continuar ouvindo, deixou o fone cair no chão sem dizer nada. Tudo que Mário ouviu do outro lado da linha foi o grito desesperado de dor de seu amigo, antes de se força a desligar, para dar a Cafa um tempo para lidar com a dor da perda.

            A versão mais velha de Cafa chorava, em desespero, uma dor tão profunda que o Cafa mais novo pôde sentir também, era tão intenso que ele caiu no chão, com uma mão apertando o próprio peito, enquanto aquele vazio em seu coração começava a dominá-lo completamente. ”

            Ele acordou assustado do sonho, ainda podendo ouvir os próprios gritos de desespero e agonia pela morte de Fabi. Se levantou rápido, se arrumou correndo e seguiu para o elevador, mas foi parado por Kira.

            -- Cafa! Tenho que te contara uma coisa... Sobre Fabi.

            -- O quê? Aconteceu alguma coisa?

            -- Eu vi a mãe dela hoje, e ela me contou...

            -- Contou o que Kira? Fala logo!

            -- A Fabi está no hospital, ela descobriu que está com câncer de mama há mais ou menos um mês atrás, pouco depois de vocês terminarem.... Parece que ela está internada durante todo este tempo, recebendo tratamento. – Explicou Kira, abatida. – Eu vou visita-la agora, você quer ir também?

            -- Não pode ser... Por que eu não soube antes...? – Perguntou Cafa, mais para si mesmo. – Eu vou com você, preciso vê-la.

            Kira e Cafa seguiram par ao hospital onde Fabi estava, e encontraram sua mãe esperando em frente a um dos quartos, o quarto de Fabi.

            -- Senhora Célia. Está tudo bem com a Fabi? – perguntou Kira, com Cafa ao seu lado.

            -- Sim. Os médicos só a levaram para mais uma sessão de quimio... E esse é...

            -- Esse é meu irmão, Carlos Rafael, ele também quer ver a Fabi, saber como ela está...

            -- Carlos Rafael... Seria o Cafa? Fabi me falou muito de você antes de... Bem, antes de tudo isso.

            -- Sim. Fabi e eu estávamos saindo juntos, no conhecendo... Ela é muito importante para mim, quero que saiba disso.

            -- Obrigada por virem. Tenho certeza que ela ficará muito feliz em vê-los.

            Logo depois, Fabi apareceu, sendo trazida numa cadeira de rodas por um médico de aparência impecável, muito bonito. No mesmo instante, Cafa o reconheceu. Era o homem em seu sonho, o possível futuro marido de Fabi.

            Ficou claro para Cafa o interesse do tal doutor, estava encantado por ela, e ela parecia estar retribuindo. Cafa sentiu o ciúme lhe consumir, tinha que se controlar para não piorar a situação.

            -- Oi Fabi!

            -- Cafa? Kira? O que estão fazendo aqui?

            -- Viemos te ver, é claro. Por que não nos contou o que estava acontecendo com você? – perguntou Cafa, enquanto o médico a colocava no leito, com cuidado. Ela estava fraca.

            -- Gente, pode nos deixar um pouco sozinhos?

            -- Tudo bem! – disseram todos, antes de saírem do quarto, deixando Fabi e Cafa sozinhos.

            -- Por que está aqui Cafa? Nós terminamos...

            -- E acha que por isso deixarei de me importar com você? Eu precisava vê-la, Fabi, falar com você. Tenho sentido tanto a sua falta... Sei que demorei para aceitar, para notar, mas agora tenho certeza de como me sinto. Eu te amo, Fabi. Demais. Sinto tanto sua falta que dói, você se tornou parte de mim, da minha vida. A melhor parte. Tudo o que eu quero é somente uma chance, mais uma chance para te mostrar que posso mudar, que te amo e posso lhe fazer feliz. Vou compensar tudo...

            -- Não sei se consigo acreditar, Cafa. Era o que eu mais queria... Você me magoou demais.

            -- Eu sinto tanto. Eu a decepcionei antes, mas não vai acontecer de novo. Eu juro, Fabi!

            -- Queria mesmo acreditar nisso, mas não consigo...

            -- Eu vou te provar. Vou fazer você acreditar.

            -- Espero que sim, Cafa. Espero mesmo.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Fanfic... Sombras do Amanhã - Capítulo 01

E para comemorar o Natal, o primeiro capítulo da minha nova fic, que não será grande, mas espero que gostem de ler tanto quanto gostei de escrever.

Sombras do Amanhã
(Cafa & Fabi - Fanfic do livro ‘Sonhei que amava você' de Tammy Luciano)

Capítulo 01:
            Cafa chegou em casa estranho numa noite de sexta-feira, até mesmo a presença dele naquele horário numa sexta à noite era algo bem raro em casa.
            -- O que você tem, Cafa? Pensei que iria sair com a Fabi esta noite? – Perguntou Kira, preocupada, observando a fisionomia do irmão. – E o Cadu?
            -- Ele ficou com a Lelê. Estou cansado agora, Kira, só quero dormir, tudo bem?
            Ele foi para seu quarto sem dizer mais nada, deixando Kira ainda mais nervosa. ‘Aconteceu alguma coisa...’ – pensou ela, enquanto se dirigia para o próprio quarto. Queria ir até o irmão e pressioná-lo a lhe contar o que estava errado, mas sabia que o melhor era lhe dar tempo.
            Sozinho em sua cama, Cafa refletiu sobre as palavras de Fabi, poucas horas antes.
           
            Eles estavam curtindo uma pequena reunião entre amigos, Cadu não desgrudava de Lelê, e só faltavam Kira e Felipe para a festa ser completa. Felipe tinha que ajudar a mãe com a loja naquela noite e não poderia ir, e Kira não quis ir sem ele.
            Cafa estava distraído numa conversa com os amigos, deixando Fabi um pouco de lado, que nem notou a chegada de Jalma à festa. Olhava na direção oposta, os olhos presos nas curvas de uma garota à sua frente, enquanto Fabi ficou sozinha no canto da sala. Até que Jalma se aproximou.
            -- Você viu o Cafa por aí? Sabe, um dos gêmeos? – Perguntou Jalma, se exibindo para todo homem que passava por perto.
            -- O que quer com o Cafa? – Perguntou Fabi, sentindo seu rosto queimar com o ciúme e a raiva pelo atrevimento daquela garota vulgar. A resposta que recebeu foi como um golpe no estômago, que ela sabia que viria em algum momento, porém, ainda assim, muito doloroso.
            -- É que na época em que minha irmã estava desaparecida, alguns meses atrás, eu e ele ficamos juntos algumas vezes. Foi incrível! E agora que eu estou solteira de novo, quero repetir a dose. Ele é muito gostoso! A nossa transa foi uma delícia, mesmo sendo em uma época difícil para mim...
            Fabi não conseguiu permanecer ali, ouvindo tudo aquilo. Seu coração batia freneticamente, desesperado para aliviar toda a dor que sentia. Ela correu para fora, atravessava a porta quando Cafa a alcançou.
            -- O que houve, Fabi? O que você tem? – Questionou ele, acariciando o rosto molhado pelas lágrimas dela.
            -- Para mim chega, Cafa! Não posso continuar fingindo que daremos certo, quando está claro que queremos coisas diferentes. Preciso aceitar que você não sente nada por mim e não é capaz de me dar o que quero...
            -- E o que você quer Fabi?
            -- Amor e respeito. Você não tem por mim nenhum dos dois, isto é óbvio para mim agora. Não posso continuar me enganando e deixar você continuar me magoando.
            -- Do que está falando? Se é porque eu te deixei sozinha e fiquei olhando para aquela garota lá, eu juro que não foi nada demais... Só estava olhando, não precisa de todo esse drama.
            -- Não se trata só de hoje, Cafa. Se trata de meses atrás e todo esse tempo até hoje você me fazendo de boba, e eu deixando. Talvez deva conversar com aquela exibida ali, tenho certeza que assim como antes, ela ficará bem satisfeita em se divertir com você quando eu não estiver mais por perto.
            Cafa se virou para ver quem ela apontava, e ficou surpreso ao encontrar Jalma sorrindo para ele e vindo em sua direção. Tentou impedir que Fabi fosse embora, queria falar com ela, precisava convencê-la a mudar de ideia. Mas não tinha como. Fabi se afastou quase correndo, no mesmo instante em que Jalma o alcançou.
            -- Oi, gato! Pensei em repetirmos a dose do que tivemos àquela vez. Mal posso esperar para você me pegar como naquela noite...
            -- Saia daqui Jalma. Não estou nenhum pouco interessado.
            -- E por que não? Por causa daquela sem graça que saiu correndo? Qual é? Não vai me dizer que você, assim como Felipe, prefere uma coisinha sem sal como aquela em vez de um mulherão como eu?
            -- Para falar a verdade, a Fabi é muito mais mulher do que você, Jalma. Agora siga seu rumo e me deixe em paz. Eu não sou como o Felipe, não vou deixar você ficar me perturbando. É melhor ficar longe da Kira e da Fabi, ouviu bem?
            Cafa deixou a festa furioso, Jalma havia estragado tudo com Fabi, e ele sabia que teria um trabalhão para convencê-la a esquecer toda aquela história e consertar tudo entre eles.
            Sentado no carro, ele tentou ligar para o celular dela, sem sucesso. Só caía na caixa postal. Inquieto, ele foi dirigindo devagar pelo caminho que ela teria pego se estivesse indo à pé para casa, e como temia, ela caminhava devagar por uma rua quase deserta e escura demais para o gosto dele.
            -- Ficou louca, Fabi? Andando sozinha nessas ruas.... Sabe o quanto é perigoso? Alguém poderia... – Ele não conseguiu continuar. Tinha saído do carro num pulo assim que parou, começou a gritar, irritado por ela se arriscar daquela forma. – Venha, vou te levar para casa.
            -- Não! Não quero mais ver você.
            -- Pare com isso! Sei que está furiosa comigo, mas é muito perigoso para você ficar andando assim sozinha, à noite, na rua.
            Hesitante, Fabi entrou no carro sem dizer mais nada, e durante todo o percurso até sua casa, evitou encarar ou falar com Cafa.
            -- Olha Fabi, esfria um pouco a cabeça. Amanhã nós conversaremos melhor sobre isso...
            -- Não Cafa. É melhor acabarmos com tudo agora mesmo. Tudo não passou de fantasia da minha cabeça, em nenhum momento você me levou à sério de verdade. Não quero mais isso.  Você não está nenhum pouco interessado em mudar, e eu quero mais de um relacionamento do que ser o plano reserva para o caso de nenhuma mulher mais interessante aparecer. Continue com seu estilo de vida, você não mudou quase nada nele mesmo, que eu vou buscar alguém que me ame e valorize. – Ela disse, entrando em casa logo em seguida, sem virar para trás, deixando um Cafa confuso e inexplicavelmente sentindo um vazio dentro de si.

            Na manhã seguinte, Cafa levantou desanimado e recebeu os olhares surpresos e preocupados da família, como esperava. Cadu e Lelê deviam ter visto ou ouvido sua briga com Fabi, e contaram para todos na casa.
            A mãe saiu correndo para o restaurante, sabendo o quanto estava atrasada, contudo, não sem antes deixar claro para o filho que quando voltasse, queria conversar. Assim que o pai também saiu para o trabalho, Kira e Cadu se aproximaram e começaram à encará-lo.
            -- O que foi? – Perguntou irritado.
            -- Isso perguntamos nós. O que foi tudo aquilo com a Fabi? O que aconteceu com vocês? – Cadu falou primeiro.
            -- Fabi terminou comigo. – Foi tudo o que Cafa foi capaz de dizer, o vazio em seu peito havia crescido mais do que imaginava possível, durante a noite insone.
            -- Como assim? A Fabi te adora. Te ama de verdade, tenho certeza. – Kira não podia acreditar.
            -- Bem, foi o que aconteceu.
            -- E o que você fez para provocar isso? Concordo com Kira, a Fabi te ama, mesmo com todos os seus vacilos. – Disse Cadu, sério.
            -- Ela descobriu sobre Jalma e eu na época do sequestro da irmã de Jalma. Ficou muito chateada porque Jalma praticamente esfregou a história toda na cara dela. Tentei ligar para ela ontem, depois que cheguei, e agora de manhã também, mas ela se recusa a me atender.
            -- Se eu fosse ela, nunca mais olharia na sua casa, Cafa. – Disse Kira. – Mas... Como você está?
            -- Estou bem gente. Só fiquei um pouco chocado, só isso. Nunca tinha levado um fora assim... Não se preocupem, não foi nada demais, simplesmente voltarei à farra de antes. – Respondeu Cafa, e apesar de tentar transmitir confiança, não conseguiu enganar os irmãos.
            -- Eu queria tanto que ele e a Fabi dessem certo... Ela o faria feliz, tenho certeza. Se pelo menos ele se sentisse da mesma forma que ela... – Disse Kira, frustrada e chateada.
            -- Calma Kira. Essa história ainda não acabou... Sabemos muito bem como Fabi se sente por ele, que o ama. E apesar de não querer admitir, conheço Cafa como a mim mesmo, ele se sente da mesma forma por ela. Só não percebeu ainda. Você acha que o Cafa que conhecemos e amamos teria permanecido com a Fabi por todo esse tempo se não sentisse algo forte por ela? Mesmo com a Caitlin, por quem ele tinha todo aquele tesão, ele só ficou por no máximo dois dias, antes de se cansar dela. Claro, segundo ele, passaram os dois dias quase inteiros só transando...
            -- Cadu!
            -- Desculpe, Kira! O fato é que, mesmo que de um jeito torto e sem querer, ele se envolveu de verdade com a Fabi. Foi um recorde! E está na cara o quanto ele está arrasado, apesar de fazer de tudo para esconder. Acho que ele realmente se apaixonou dessa vez. E é isso que me preocupa.
            -- Eu sei. Ele estragou tudo, e a Fabi se cansou dos vacilos dele...
            -- Não sei como vamos poder ajudar nosso irmão, Kira.
            -- Pensaremos em alguma coisa, Cadu. Vou falar com o Felipe, talvez ele possa nos ajudar.
            -- Tudo bem.
            Fechado em seu quarto, Cafa tentou se concentrar em se arrumar, contudo, por mais que tentasse evitar, sua mente insistia em vagar de volta até Fabi. Lembrando de seu beijo, de seu toque macio, seu perfume que o invadia quando a beijava no pescoço, o gosto de seus lábios e de sua pele. Ele não podia evitar sentir falta do corpo dela junto ao seu, de sentir o calor que ela lhe transmitia com simplesmente um toque.
            Seus amigos, até mesmo Cadu, jamais o deixariam em paz se soubessem que sequer chegaram a dormir juntos, Fabi e ele. Não de verdade, pelo menos. Ninguém sabia que sua Fabi ainda era virgem, e que ele aceitara esperar até ela estar pronta, até poder confiar nele. Agora, nunca aconteceria. Não com ele.
            Ele sabia que havia quebrado a pouca confiança que ela se esforçou tanto para depositar nele, fora muito difícil convencê-la a lhe dar o benefício da dúvida e arriscar seu coração com um mulherengo assumido como ele. E como ela temia desde o início, ele agira como um completo cafajeste, transando com Jalma assim que Fabi virara as costas.
            Cafa poderia dizer a si mesmo que apenas seu instinto masculino, depois de tanta abstinência sexual, que acabara falando mais alto. Que não tivera culpa. Porém, ele sabia bem o que estava fazendo, tanto quando ficara com Jalma, como quando flertava com outras mulheres. Era um hábito. Nunca pretendeu se prender a ninguém. O problema era que ele gostava de ter Fabi junto a si, ao seu lado, não queria perder o que tinha com ela.
            Enquanto dirigia para o trabalho, focou sua mente em voltar a sua antiga vida, antes de Fabi, antes de se sentir tão ligado a outra pessoa, a uma garota. Antes de sentir todo aquele medo ao imaginar sua vida sem poder vê-la ou tocá-la de novo.

            À noite, Kira estava se preparando para dormir quando Cafa chegou, cheirando a perfume barato e quase caindo de bêbado. Ela ouviu os passos cambaleantes e os tropeços de seu quarto e foi verificar o que estava havendo.
            -- O que você andou fazendo para chegar nesse estado? – Perguntou Kira, irritada, ajudando o irmão a chegar ao próprio quarto.
            -- Só me divertindo, irmãzinha.
            -- Você nunca chegou assim antes, Cafa. É por causa da Fabi, não é? Você não aprontou nada, né?
            -- Deixa disso, Kira... Nunca me diverti tanto antes, esquece a Fabi... Ela não é ninguém... – Respondeu um Cafa bêbado demais para se manter de pé, desabando em sua cama.
            Ainda mais irritado, e ao mesmo tempo preocupada, Kira voltou para seu quarto e tentou dormir.
            Kira caminhava por uma rua estranhamente familiar, sentiu logo a presença de Felipe ao seu lado.
            -- Acho que tem algo que precisamos ver. – Disse ele.
            -- Como assim?
            -- Apenas sinta. Alguém está te chamando. Vamos!
            Felipe a puxou pela mão até uma aconchegante casa, bem mobiliada e muito bonita.
            -- Está sentindo, Kira?
            -- Sim. Nunca vi essa casa antes, mas ela me parece tão familiar... Me sinto bem aqui.
            -- Eu também.
            -- Parece que estamos cercados, envoltos por muito amor, muito afeto...
            -- Há tanta felicidade no ambiente, que imagino que, quem quer que more aqui, possui um amor tão grande e forte quanto o nosso. – Disse Felipe, quando uma bela mulher, mais velha, entrou com um bebê no colo, na calorosa sala de estar em que o casal estava.
            -- Fabi?
            Antes que Kira pudesse entender a presença de Fabi em seu sonho, a jovem mãe foi envolvida por braços fortes e recebeu um amoroso beijo no pescoço. Ao observar o rosto do recém-chegado, Kira imediatamente reconheceu o irmão, Cafa.
            -- Fabi e Cafa têm uma família...? Ou vão ter? Será mesmo possível? – Se perguntou Kira, se calando em seguida para ouvir a conversa do outro casal.
            -- Ela melhorou? – Perguntou Cafa.
            -- Sim. Felizmente a febre passou, ela está descansando agora, foi um dia difícil para a nossa pequenina.
            -- Vim o mais rápido que pude, mas...
            -- Não se preocupe, está tudo bem agora. – Disse Fabi, dando um beijo no marido.
            -- E o próximo membro da família, como está indo?
            -- Cafa! Eu disse que ainda não tenho certeza, você sabe que pode não ser nada...
            Nesse momento, algo estranho começou a acontecer. A sala começou a ficar muito escura, o chão começou a tremer, tão forte que foi se partindo. De repente, Kira se deu conta que Fabi e Cafa haviam desaparecido, permanecendo apenas a bebezinha, sozinha, no meio daquela confusão catastrófica. Com Felipe ao seu lado, Kira tentou alcançar a menina que chorava copiosamente, contudo, todo o cenário à sua volta desmoronou de vez.
            Sua sobrinha havia sumido, assim como a aconchegante sala de estar, deixando Kira e Felipe cercados por um enorme vazio. Ela sentiu um peso no peito, como se aquele vazio estivesse tentando invadir-lhe o coração.
            -- Seja forte e se concentre Kira. Esse vazio não pertence a nós, ficaremos bem. – Felipe tentou acalmá-la.
            -- Eu sei, mas pertence a alguém que amo.
            -- Cafa?
            -- Acho que sim.
            Parecendo estar à vários metros de distância, uma forte luz brilhou, e o casal correu para alcança-la. Ao se depararem com a luz ofuscante do sol, os dois tiveram que acostumar aos poucos seus olhos com a nova claridade.
            -- Onde estamos? Parece a mesma rua de antes... Mas...
            -- A sensação é diferente. – Disse Felipe, arregalando os olhos em seguida, e apontando para a entrada de uma sorveteria perto dali. – Kira, olhe! É o Cafa.
            -- Vamos!
            Eles correram até a sorveteria em que Cafa entrava um pouco hesitante, sendo surpreendidos pela cena dramática. Cafa estava parado na frente da porta, incapaz de afastar os olhos de uma Fabi muito grávida, com um homem desconhecido a abraçando por trás, as mãos pousadas protetoramente sobre a enorme barriga dela.
            Kira reparou na expressão angustiada do irmão. Ele sofria ao observar Fabi com outro, formando uma família, sem ele. Naquele momento, Kira quis gritar para Cafa reagir, lutar por ela, pela mulher que amava. Porém, ele não podia ouvi-la.
            -- Não estamos realmente aqui, Kira. Lembra?
            -- Ele está sofrendo de verdade, Felipe. Ele a perdeu e está desesperado por isso, posso ver nos olhos dele.
            -- Eu sei, Kira. Mas é só um sonho, não esqueça disso. Não está acontecendo agora.
            -- Está errado, Felipe. Isto está acontecendo, está começando a acontecer. Essa cena é apenas o desfecho, o final. Não posso deixar chegar a esse ponto.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Eu Te Quero

Trilogia dei sensi - Livro 03
Autora: Irene Cao
Editora: Suma das Letras
Ano: 2014
Tradução: Aline Leal
Pgs: 167
Sinopse:
Elena perdeu tudo. Os dois homens mais importantes de sua vida. A alegria do trabalho bem-feito. O carinho e a segurança com Filippo e a paixão e o sexo arrebatador vividos com Leonardo. Seus dias são uma descida ao inferno. Nada parece ter sentido, nem mesmo o mundo da arte ao qual se dedicava tanto. Toda noite vai a boates, bebe demais e acaba saindo com um homem diferente, mas nunca encontra o prazer que sentia com Leonardo – seu corpo não reage e o desespero a domina.
Em Eu Te Quero, a vida de Elena mudará de forma inesperada. Em uma manhã, o destino fará com que acorde ao lado de Leonardo sem entender o que está acontecendo. Entre o sonho e a realidade, ela terá de decidir mais uma vez que caminho seguir e se um futuro junto a seu amado ainda é possível. O que significa o convite tão especial do homem que não conseguiu esquecer? Ela decide se arriscar em um tudo ou nada. Mas o passado é um demônio que Leonardo não conseguiu vencer... e o último perigo pode ser fatal.

Minha Opinião:
Um final digno para uma trilogia bem legal. Esse terceiro volume da trilogia de Irene Cao traz enfim a finalização da história de Elena e Leonardo, e apesar de meu medo inicial (devido a algumas continuações que não fizeram justiça ao predecessor), felizmente essa foi uma ótima leitura, pelo menos para mim. Gostei muito da forma com a autora finalizou a história e fiquei feliz com o final dos personagens. Recomendo muito essa trilogia para quem, assim como eu, curte histórias sensuais e românticas, com personagens carismáticos e envolventes.

Por Favor, Comentem!!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Eu Te Sinto

Trilogia dei sensi - Livro 02
Autora: Irene Cao
Editora: Suma das Letras
Ano: 2014
Tradução: Aline Leal
Pgs: 168
Sinopse:
É inútil resistir à paixão quando ela te escolhe. O inesperado reencontro de Elena e Leonardo em Roma os levará ao verdadeiro amor? Elena virou a página. Os dias de paixão e loucura com Leonardo a tornaram uma mulher mais forte, a conduziram ao lado sombrio do prazer, mas agora são apenas uma lembrança que de vez em quando atravessa seu pensamento. Hoje Elena sabe o que quer e escolheu Filippo: é por ele que deixou Veneza e se mudou para Roma. A vida deles juntos é uma perfeita harmonia, tanto na cama como fora dela. Mas apagar de vez o passado, se o destino faz de tudo para impedir isso, é impossível. Porque a história com Leonardo parece ainda não ter acabado: basta um encontro casual para reacender o fogo que, na verdade, nunca tinha apagado. É noite de seu aniversário de 30 anos, e Elena não poderia imaginar que o restaurante onde Filippo a levou para comemorar seria... o de Leonardo! Aquele olhar que toca o coração e, em seguida, um único beijo, roubado na cozinha do local, são um emocionante novo começo. Em Eu te sinto, a continuação de Eu te vejo, não há mais regras, agora as cartas estão na mesa: não é mais necessário esconder o amor e o sexo, não é mais uma mera busca do prazer em estado puro, mas um reencontro de almas que se pertencem. Até quando o segredo mais inconfessável de Leonardo vem à luz e Elena deverá decidir se está disposta a pagar o preço.

Minha Opinião:
A autora manteve a mesma receita do livro anterior, continuando com a história de Elena e Leonardo de forma envolvente e divertida. Alguns momentos certas atitudes dos personagens me deixaram irritada e com vontade de bater em um kkkkk, mas a capacidade de encantar dos personagens permanece e não tem como ficar com raiva por muito tempo. Uma leitura bem sensual e divertida. Amei!!!

Por Favor, Comentem!!